domingo, 7 de janeiro de 2018

Amor de Lego!


            Quando sofremos uma decepção amorosa, ágüem que você desejou muito ter do seu lado te deixa, as pessoas logo dizem:

            – Não esquenta! Logo você “arruma” outra pessoa que combina melhor com você!
            – Ah não deu certo! Logo você “acha” a pessoa “certa” pra você!
            – Você ainda vai “achar” a pessoa “certa” pra você!
            – Deus vai “preparar” alguém com quem vai dar “certo”!

            Quando ouço isso eu fico pensando que a vida pra essas pessoas é um jogo de combinar peças, como se fossemos LEGOS vivos procurando se encaixar na existência.
            Até que seria válido, mas tem algo que não é só uma questão de encaixe, há também as mudanças e nem todos que se encaixam com você é obrigado a mudar só pra continuar no mesmo encaixe. Imagine que hoje você goste muito de macarrão ao molho e ai você encontra uma pessoa que também adora. Pronto! Nesta combinação vocês se juntam, afinal de contas ambos adoram macarrão. A questão é que se um dia seu grande amante das massas encontre outra comida (to falando de comida mesmo viu) e ai ele passe a gostar de yakissoba e você não! Então todo o tempo que vocês viveram juntos comendo macarronada vai deixar de existir só porque agora um macarrão é diferente do outro?

            É claro que estou simplificando demais uma situação muito mais complexa que é a relação humana, no entanto no campo da filosofia, que é o amor ao saber, portanto no campo da sabedoria podemos simplificar as coisas até o ponto de reduzi-la a uma visão absurda e dentro deste absurdo passamos entender se a lógica na qual víamos pensando possa ser aplicada e então temos uma luz sobre a dimensionalidade na qual víamos colocando nosso próprio existir. Vemos com isso que você não pode deixar de amar alguém só porque essa pessoa deixou de comer seu macarrão, isso é um absurdo da mesma forma é um absurdo completo amar alguém só porque essa pessoa come o seu macarrão!

            Entende que dentro deste processo, amar alguém só por questões de combinações que em nada vogam e não fazem diferença vai fazer um relacionamento dar “certo”?

            O Certo é que só podemos amar algo não somente pelo certo que combina, mas pelo certo que nos acrescenta; amar assim é como amar a evolução de nosso próprio existir. Assim como você amaria entrar na faculdade, no entanto você não pretende viver toda sua vida fazendo o mesmo curso, você está ali para evoluir se tornar um ser humano melhor, ter uma profissão (que a meu ver é apenas uma necessidade para com a vida social, mas não que isso seja o seu próprio ser...Assunto para outro artigo), no entanto o que você quer mesmo é o conhecimento e através deste investir este conhecimento na forma de apresentar seu ser... Se você estuda para ser médico: Sua apresentação se faz atuante diante de uma doença, por exemplo; pra ser advogado, atua diante da luta por justiça... Bem, você é grato pelos seus professores e pelo conhecimento que adquiriu e isso que você ama. Da mesma forma, amar alguém não é só pelo carinho que essa pessoa lhe proporciona, é também pelo crescimento que essa pessoa lhe trás, como ter juntos o mesmo lar, os mesmos filhos... Enfim é algo muito mais que só o “dar certo” é um processo de desenvolver a capacidade de entender o outro, não importa o macarrão que ele come.

            Podemos dizer que Amar é um processo de aceitar o crescimento, assim como seus pais te amaram quando era um bebê que nem falava e nem andava, no entanto depois de crescer seus pais lhe perguntam algo e querem que você fale, ou podem te pedir algo e querem que você ande até lá, veja que durante nossa vida mudamos constantemente, e são mudanças para o nosso melhor desenvolvimento, para nos tornar cada vez melhores e capazes e por que não investir isso num relacionamento a dois?

            Não precisamos amar as pessoas só por “combinarem” como se a vida fosse uma brincadeira de encaixe, como diria Renato Russo:
– Somos muito mais que isso!
            Assim como queremos o melhor para nós precisamos aceitar que quem nos ama quer também o melhor de nós e essa mesma pessoa pode não saber que para o outro talvez seja melhor yakissoba que uma massa italiana, mas ambos podem se alimentar do bem que o outro possa fazer ao ter que pelo menos uma vez por semana compartilhar da mesma macarronada e isso sim é possível combinar sem ter de impor o CERTO de cada um.



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