Você sabe o que é sentir?
Já
fiz essa pergunta a diversas pessoas e até então não souberam me responder,
aliás, nem entendem a pergunta e já vão logo lançando um monte de adjetivos,
como:
- Ahh eu me sinto muito bem a vida é maravilhosa...
Ou então:
- Eu sinto prazer em viver, em “curtir
a vida”...
- pra mim
o importante é se sentir feliz fazendo
o que gosta...
Ai eu volto a
perguntar e digo:
- Não é
isso que perguntei e sim se você sabe o que é?
Ai que a coisa
piora, pois a pessoa começa a dizer que eu sou uma pessoa fria, que não tenho
sentimentos... Às vezes é até engraçado a reação! Parece que peguei uma
criança no susto fazendo algum tipo de arte! Tipo: a pessoa não sabe, mas
estava brincando de saber e ao ver que não tem resposta correm para um total
desentendimento, tentando devolver a pergunta como se fosse uma afronta
pessoal!
Então
desisti de fazer pesquisa de “opinião”, aliás, Sócrates era bom nisso e até
gosto muito daquela frase:
- Só Sei
que Nada Sei!
Que em latim era:
scio me nihil scire
Que quer dizer: sei que nada sei! Existem várias versões
de entendimento desta frase, mas a minha versão, que considero mais apropriada
é algo assim:
Só vejo que nada vejo!
E
é claro que você sabendo que não sou cego deveria entender primeiramente que
sou capaz de ver, mas assim como acontecia com Sócrates acontece comigo um
fenômeno mais ou menos assim:
-Poxa Roberto, como você pode não ver, pois
eu to vendo...
E na hora da pessoa descrever o
que ela vê é como se não visse nada realmente!
Ta difícil de entender?
Vou explicar melhor:
Imagine eu e mais uma pessoa
olhando para uma Ferrari Portofino ai a pessoa olha para o carro e diz pra eu olhar
também, ai eu olho e digo:
Só vejo e nada vejo!
Ai então a pessoa fica indignada,
tentando explicar que aquilo é uma Ferrari e conta a história todinha da
fabrica, o custo de uma Ferrari, como ela vai de 0 a 100 KM em poucos segundos e
tudo mais... Só que no fundo e em meio a tudo, essa pessoa não disse NADA!
Nada,
pois é só mais um carro, e tudo que a pessoa disse não têm efeito nenhum, nem
sobre ela mesma e nem sobre o que eu to vendo, afinal de contas que me serviria ter sentimentos por algo que não corresponde ao que sinto. Então era isso que Sócrates
estava dizendo; que o saber que as pessoas têm é um saber vazio, recalcado de
muito conhecimento das “coisas”, mas sem envolvimento profundo, sem um REAL sentir, tudo que ela tem não passa de
ilusões dos sentidos e ainda por cima desprende uma força (ambição) enorme para quem sabe
um dia comprar a sua Ferrari!
Por
isso que saber o que é realmente sentir
pode até assustar, ser algo um tanto misterioso...
Em
diversos dicionários você pode encontrar que sentir nada mais é que ter uma sensação,
ou ter uma experiência
sensorial, uma sensibilidade ou percepção através dos sentidos... Mais
uma vez só estamos trocando um sinônimo por outro sem um real aprofundamento do
que seja sentir!
Agora
que a coisa pega mesmo, e vou explicar de uma vez só:
Sentir, nada mais é do que MEDIR!
|
Isso mesmo: Medir! |
Quando você sente frio ou calor você está medindo a sensação térmica.
Quando está com medo de altura está medindo a possibilidade de cair por
desequilíbrio.
Quando você vai atravessar a rua você sente (mede) a distância (comprimento) que
está da guia e a altura da mesma...
E quando sentimos Amor o que sentimos?
Essa
talvez seja a mais fácil de responder, porém vamos para uma outra medida que é a FOME!
Em
1995 eu sofri um acidente de bicicleta, quebrei a clavícula e tive que passar
por uma cirurgia pra colocar o ombro no lugar. Antes da operação me disseram
que eu tinha que ir em jejum então como no dia anterior eu tava muito
angustiado e estressado com a situação eu mau comi nesse dia, no dia da
internação já estava com uma baita fome e pra piorar deixaram pra marcar a
operação no outro dia ao meio dia!
Tava
doido pra comer!
Já
não bastava a situação de estresse ainda tinha a danada da fome que me fazia
suar frio!
Fui
operado e então me deram soro, mas eu queria era comida!
Acabei
adormecendo durante o dia e quando acordei sentia
que podia devorar um elefante e meio e ainda palitaria os dentes com o marfim
de tanta fome, era umas 8 horas da noite e pra piorar já não tinha mais sono!
Bem, só fui comer no outro dia na
hora do almoço, mas durante a noite sofri bastante; pacientes bêbados amarrados
em suas camas gritando, falando palavrões, parecia mais um hospício que um
hospital... Pra encurtar a história, busquei olhar pra mim mesmo, fiquei
olhando minhas mãos e toquei em meu corpo, eu não estava mais magro, o soro
estava me preservando, é incrível que ninguém te prepara pra uma situação tão
horripilante como passar fome, sede, privação do sono, stress emocional,
agressão física; afinal de contas meu corpo havia sido violado pra colocação de
dois pinos... Bem, tudo isso passou, quase enlouqueci, mas passou!
Aprendi
muito nessa situação toda. Principalmente não deixar me iludir pelas sensações, algo que o Sidarta Gautama
levou um tempo pra entender e se eu já tivesse o seu conhecimento não teria levado
tanto tempo pra ver que a sensibilidade
do que acontece comigo só está em mim e não adianta repassar para as outras pessoas. A
gente começa a tagarelar, falar coisas e no fundo tudo que falamos é nada! O
que fica é uma série de sensações sem que tomemos as devidas medidas para entendê-las; a fome, a sede
são sensações que exigem uma resposta
e por tentar dar as respostas é que muitos seres começam a devorar o outro para
manter a sua sobrevivência. Como diz
aquela famosa frase que faço questão de colocar um “É” nela:
A sobrevivência É do mais Apto!
É
preciso entender agora que não se trata de um processo chamado de seleção natural dos seres e sim uma seleção normativa do ser e não sei se
existe alguma literatura sobre isso, o que vou falar aqui se trata de um
conhecimento próprio e bem, mais bem resumido de uma ciência muito maior que
isso, no qual pretendo um dia colocar em um livro, mas vou me ater ao
conhecimento básico para que cada um possa se aprofundar a sua maneira.
Seleção Normativa do Ser.
Assim
como no exemplo da Ferrari, existe um tipo de normatização de nossas sensibilidades,
e pra ser bem especifico e menos cientifico vamos a um exemplo prático:
Vamos
trocar a Ferrari por uma Fernanda (ou Fernando para as mulheres) no mesmo
padrão de beleza da Ferrari e então um amigo diz:
- Olha só Roberto, a Fernanda é linda heim! Então
respondo:
- Só vejo, e nada vejo!
Ai
meu amigo fica indignado e começa a falar que eu não gosto de mulher, fala do
corpo escultural da Fernanda, como ela anda, da sensualidade dela, do modo que ela
se arruma, que qualquer homem gostaria de ter a Fernanda pelo menos por uma
noite... E mais uma vez tudo isso que ele disse são apenas os atributos físicos
da Fernanda, que nada indica sobre a índole dela, sobre a pessoa humana que é a Fernanda, não diz se a
Fernanda é uma mulher que queira ter um único homem ou queira ter todo e
qualquer homem que possa seduzi-la... A Fernanda pode ser uma Ferrari, mas
assim como o carro ela também pode ser “comprada”, e quem sabe até alugada por
uma noite e o único problema é que este meu amigo não pode pagar o preço da
Fernanda.
Observe
que dentro deste processo a Fernanda é apenas um “objeto” como uma Ferrari!
Assim
temos uma sociedade que valoriza a beleza física, no entanto nada diz sobre o
tal do amor!
Este
quase padrão vira um tipo de Norma de
Sobrevivência não amar a beleza!
Estamos
assim buscando ser aptos ao desamor e
o mais estranho é ver o quanto às pessoas tentam destruir a própria beleza e a
dos seus amigos induzindo o outro ao EGOISMO.
Quer ser feliz?
Apenas consuma (A
exemplo: consumir a Fernanda), mas não
ame!
Essa
é a norma de nossa Sociedade atual.
Vemos
mulheres lindas, rostos de anjos, delicadas e até homens também que acabam
sendo apenas objetos dentro de um processo de seleção que impede as pessoas de
descobrirem o que realmente SÃO!
Esse
é um processo de sobrevivência,
observe bem a palavra sobre e vivência!
Vivenciamos de um modo que apenas
realizamos os aspectos físicos da beleza, mas temos uma imensa covardia de
assumir isso em nossa vivência, por isso nos colocamos acima (sobre) do próprio amor que a beleza nos
causa...
Bom,
vamos agora falar do que é fácil de entender: O AMOR!
Nada mais é que uma medida de
beleza e de valor que damos a algo que vemos em nossas vidas cuja apreciação
nos faz querer que aquilo, seja o que for que exista para todo sempre, ou seja: para Eternidade!
Eu
disse que era fácil de entender, não que seja fácil de obter!
Afinal
de contas, por mais que eu possa amar
a Fernanda, por mais que ela seja linda, sensual, que eu possa me sentir muito
feliz vivendo belos momentos com ela o quanto ela está disposta a viver dentro
da eternidade comigo?
Será
que uma mulher Ferrari é capaz de amar um homem Fusquinha?
Mesmo que este fusquinha seja um
Herbie de 53 anos! (Não levem pelo lado pessoal, tenho 47).
Acredito
que por mais que nosso Herbie seja esforçado, valente, corajoso, fiel e honesto
as pessoas de hoje em dia temem demais o viver e apenas lutam pra tolamente
sobreviver a este mundo cheio de sensações e não absolvem a responsabilidade
com o que é realmente essa experiência
sensorial do viver, medir com a
sensibilidade física e assumir os devidos valores que as coisas realmente têm.
Em alguns casos um homem fusca ao ver que
roubaram a sua Ferrari prefere até destruir
a Ferrari só pra não deixar que outro dono a tenha, acho que está dando pra
entender o trocadilho né?
Veja!
A maioria dos crimes não são cometidos por pobreza ou falta, na realidade a
maioria são cometidos por assumirmos certos valores (medidas) e depois ao perdemos
achamos que temos que reagir e fazer algo!
Foi
bem o que aconteceu comigo no Hospital, quase me enfureci, e era apenas fome!
A
fome é a falta, como se ao sentir frio faltasse agasalho, então reagimos como
quem procura um culpado por não termos o que vestir; assim a maioria dos males
que vivemos são causados por supervalorização de nossas sensações. O nosso
sentir muitas vezes não pode ser respondido apenas por extrapolarmos a falta de
agasalho ou pela falta do que comer. Assim como um homem ao ver a beleza e
mesmo sem nunca ter tido uma Ferrari pode querer roubá-la e até destruir depois
só pra provar a sensação de dirigi-la de uma forma desonesta, mas ainda assim
uma conquista.
Entenda
então que de certa forma o que está faltando na Humanidade são os ingredientes
que podem nos levar ao AMOR!
O que pode durar pra sempre?
Tipo: você pode ter todas as
Ferraris do mundo e destruí-las todas depois, só pra ninguém mais dirigir
aquilo que uma vez você possuiu, mas nessa trapaça você também vai ficar sem Ferrari!
Vejo
que todo grande mal é na verdade o bem que egoicamente desejamos somente para nós
mesmos assim como o bem seria dar a cada homem o direito a sua Ferrari!
Então o que vejo em uma Ferrari?
Na verdade só verei quando a
tiver, só saberei quando souber como é estar dentro dela e ela em mim, saber guiá-la
com toda dignidade, valorizando não só seu aspecto físico, mas também os
atributos emocionais que ela me causa, ou seja: não posso expor ela demais em
lugares inapropriados, em uma estrada de terra cheia de buracos... Enfim as
emoções, sensações medidas e tudo mais que eu possa sentir foram dados a mim
pela Ferrari então por que não dar o mesmo pra ela?
Bom, não sou um homem Herbie, mas
posso ser um homem honesto, digno, verdadeiro, justo que honra e cumpre o que
disse; mesmo sendo apenas palavras elas precisam ganhar vida através de minha
própria existência, também posso não ter a grana pra trocar o óleo de uma
Ferrari, mas posso ao lado da Fernanda continuar sendo Honesto, digno,
verdadeiro, justo e por mais louco que possa parecer posso dar isso a todo e
qualquer homem do mundo e todos os homens podem ter em si e dar ao outro;
honestidade, dignidade, verdade, justiça e honra a sua Fernanda, Maria,
Jussara, Lídia, Lúcia, Helenas e todas as mulheres e crianças, velhos e
jovens...
Viu só que para termos um mundo
melhor basta sermos melhores e ao olhar o outro encontremos os mesmos valores e
ai veremos que tudo que temos que olhar é o quanto de você o outro também tem?
Acho que ficou bem explicado o
que é sentir né mesmo?
Agora cabe a você começar a pensar!
Afinal de contas é só tirar as
devidas medidas sejam elas do espaço e do tempo no qual você vive.
Ahh, mais uma coisa:
Se você não conhece nenhum homem vivo pra ser assim: honesto, digno, verdadeiro,
justo e honrado, use Deus como referência, veja ele como sendo seu próprio pai
e depois quem sabe você ache alguém que você queria pra estar contigo na
eternidade e ai é só levar ao altar e pedir permissão a um de nossos
representantes para estarem juntos com o pai de Todos nós.