Narrada na primeira pessoa.
Hum! Vaidade!
Tanta gente dizendo
que eu morri por “vaidade”
Ninguém sabe minha
historia
Ninguém entende que
sofri
Nem quando nasci se eu
fui feliz
Eu era uma criança
perfeita
Tão perfeita que minha
propria mãe evitava olhar pra mim
Todos evitavam
Era só sair no sol que
meu corpo brilhava
E todos assim quando
me viam corriam
Evitavam me ver, me
contemplar
Até quando comecei a
falar
A minha voz era tão
puro encanto
Que o mais simples
pranto
Todos vinham como sede
de deliciar
Eu fui crescendo e
quanto mais crescia
Mais solidão vivia,
ninguém ousava me tocar
Até minha mãe já não
mais me olhava
O meu pai pra me
salvar (dizia ele)
Mandou fazer um jardim
Murado alto com lago
E eu ficava ali
sozinho
Eu e a lua a me olhar
O céu estrelas a
contemplar
E lá
Certo dia fui ao meu
jardim
E quando lá entrei
A porta fechou e nunca
mais vi abrir
Havia uma roda e por
ali servia
Roupa, comida todo dia
Então pensava por quê?
O que eu tinha de
errado?
É tão assustador assim
Estar do meu lado!
É não, é! Não sei
Eu tenho que saber
Afinal sou eu
Eu sei reconhecer
Reconhecer sei
Ver! Ver!
Sei olhar vou ver
No lago então
Vou ver em mim
Sim sei vou ver e
saber
Por que, por quê?
Meu rosto tão perfeito
Tão certo, simétrico
E como, por que dessa
perfeição?
E o que é perfeito
então?
Olhando e olhando
Assim vejo o céu
O jardim e tudo
E tudo é tão bom
Sim, é isso!
O bom, o certo,
perfeito
E porque isto causa
medo?
Medo, medo!
Bom, certo, perfeito
Comparar eu sei
Sei, as rosas, sim as
rosas
Perfeitas lindas
maravilhosas
Dá vontade de pegar,
ter, possuir
Ai, humm espinho, hum
por que tem espinho?
Sim a rosa tá ali
linda é só pegar, mais se defende
Sim defende por quê?
Vamos ver!
Ahh sei se tirar ela
morre! Há morte!
Ahh então é por isto
que estou aqui
Meu pai só quer me
defender
Como um espinho
A Proteger das forças,
dos outros
Pra me defender
Defender! Defender do
quê?
De mim! Da perfeição
Entendi então
Sou perfeito e por
isto
Eles temem, não querem
a perfeição
Mais não é de não
querer
É de não entender
Agora entendo eu
perfeito
Ninguém entende por
que
Então temem ter, ver
Eu, a flor
A flor que arranquei
morreu!
Isso! Eu também posso
morrer
Eu vou morrer como
tudo morre
Cai, como as folhas no
outono
Não o outono, o outono
Vai matar meu jardim!
Vou morrer!
Ou vou viver!
Tudo morreu, não eu
Não agora, é inverno
E eu, aqui olhando
contemplando
O Tudo
O Todo
A morte
Tudo parado congelado
E eu aqui no lago
Nada a fazer só olhar
Só ver, mais o que eu
olhar?
Sim eu mesmo!
Eu me vi e descobri
Há morte um dia vai
chegar
Ah sei vou me olhar, e
ver
Quem sabe descubro
mais
Só olhando pro meu ser
Perfeito eu, eu e tudo
Tudo! É isso! Tudo
mesmo assim
Parado congelado
Volta a ser, viver
E eu morrer, voltar a
ser
Viver, será!
Será isto que meus
olhos dizem?
No fundo deste nada
Tem sempre um vir a
ser
Sei eu! Perfeito e
também o tudo
Tudo volta pra ti,
sempre tudo
E eu vou pro tudo
Sim morrer é voltar a
ser tudo
Eu vou para o tudo
perfeito
Como a primavera que
chega
E modifica multiplica
E eu como multiplico?
Multiplicar, sim a
primavera
Tudo cresce volta,
reaparece
E multiplica as flores
muitas cores
Novamente o tudo, o
não morrer
Sim é isto o morrer e
não morrer
Tem duas formas de ser
O real de tudo e o de
não ser
E multiplica tudo
Um de ser e de vir a
ser
Assim pólen de uma
flor
Para outra flor
De um ser e outro ser
Para o vir a ser
Sei, sou, sim amor
Isto é o amor
O querer amar
Amar tanto o que sou
Como o que não sou
O que serei o que
posso ser
De poder vir a ser
Ser amor, o puro amor
O perfeito, a verdade,
a vida
Sim, reconheci
novamente
Sou o tudo que pode
ser
O amor à verdade e a
vida
Serei eu e de mim
mesmo, um vir a ser
Tudo que é bom é
temido
Assim como eu cercado
protegido
Também tenho meus
espinhos
O meu pai fez tudo
isso pra me mostrar
Pro meu ver, sabia que
no lago eu iria reconhecer
Mais como multiplicar
isto de mim?
Outro ser preciso ter,
como homem
O outro então, mulher
como minha mãe
Mulher ser, vir a ter
então novo ser de mim
Filho então serei de
mim para o pai de tudo enfim
E onde está esta
mulher para ter eu e ela novo ser?
Mulher entrega, ser
perfeito então outro ser como eu, tem?
Aonde, quem? Como
encontra-la?
No lago olhar e ver e
mais uma vez reconhecer
Quem perfeito para eu
ter? Quem é você? Quem?
Sozinho eu o lago
O tudo quem é ela?
Deve ser linda
Como a primavera que
me cerca
Cerca com todo carinho
e amor,
Amor!
Sim te achei e juro,
juro sempre te amarei
Tão feliz que te achei
e tão grande é meu amor por ti
Que ti amo sim, ti amo
ohh tudo mais que tudo
E me perdoe tanta a
ignorância você sempre esteve aqui
Sempre, sempre...
Ti amo, tú como a mim
mesmo e tudo, tudo mais que tudo
Nossos filhos serão
perfeitos todos eles serão eleitos
Para viver pra sempre
eu como pai e você como mãe
Ohh Terra ohh lua ohh
estrelas sei agora por que estou aqui
Foi meu amor por ti e
o seu por mim minha grande amada
Tudo eternamente serás
adorada
“És ti toda criação”
Minha eterna amada
O meu saber do próprio
saber
Jamais deixarás tu
morrer
E ser congelada,
Pois a chama do meu
amor por ti
nunca serás apagada
Serei o seu mais forte
muro protegendo-a do nada
És tú toda criação a
minha grande amada
E vou até o infinito
destruir o todo nada
Pra ti sempre ser a
eterna iluminada
Luz do meu ser tanto
me vez ver
Que sempre serei seu
Por fazer em mim
morada.
Irei eu eterna amada
Me entregar ao fundo
do lago
O fundo do nada
Tudo e todo meu ser
Que no fundo é só um
nada
Me levo agora a ser o
ser do vir a ser
Pra multiplicar eu de
mim, filho de ti
Indo a ser pai de ti
até o fim
Que enfim, sem muros
sem espinhos
Diante deste nada me
farei nada e serei tudo
Eterno limpo e puro
como água
Então agora e mesmo
sendo água
Parecerei contigo só
agora sendo água
Jamais estarei sem
toque
Pois serei contigo tudo
e nada
Amor, verdade e vida
De um vir a ser, agora
sou só eu e você
Ao encontro no nosso
nada
Estou indo pra você
mergulhando nesta água
Deixo ser para ser só
seu
Oh doce e eterna
amada.
Vida!
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