domingo, 26 de novembro de 2017

Prazer Em Não Te Conhecer!


 
- Não julgueis afim de não serdes Julgados!

            Muitas pessoas repetem isso como um mantra: são formas repetidas de dizer as mesmas palavras para que esta mesma palavra conduza a mente. Até que... Bem, repare numa coisa interessante: afim de não serdes Julgados! Supondo que você seja uma pessoa justa, pois então, você tem certeza que não quer ser conhecido pelas pessoas como justo?
            Ou até mesmo se você for uma pessoa verdadeira, não quer que as pessoas conheçam as verdades que você porta?

            Olhe bem, assim como é natural das pernas servirem para gente andar, é natural da mente servir para “discernir” o que é certo e o que deve ser ou não feito e executado por você. Com certeza se você for justo vai saber discernir uma injustiça, ou se você conhecer uma verdade sobre um fato ocorrido vai saber quando o outro está mentindo sobre um mesmo fato. Portanto é de sua “natureza” estabelecer as coisas como são de fato já que você faz jus ao conhecimento das mesmas, sem a manifestação de tal potencial é como se este mesmo não existisse.

            Entenda que o convite para não julgar é ao mesmo tempo um convite para que não caia sobre si a possibilidade de um julgamento, e isso demonstra claramente a vontade de se acovardar e deixar, por exemplo, uma mentira passar por si sem que você mesmo faça a menor diferença em colocar no eixo àquilo que não está correto!

            Lembre-se que a palavra dita acima foi (supostamente) atribuída a Cristo, que a meu ver foi mudada, bom, isso porque tenho o conhecimento dos Apócrifos, mas sem maiores detalhes e tentando dar mesmo validade a esta frase ela não é um convite para não julgar, é uma demonstração clara de que se você julgar errado também estará em ti mesmo o erro!

            Vou dar dois exemplos bem enfáticos sobre o que quero dizer e logo estará claro que o nosso não julgar só piora a nossa própria capacidade e covardia perante aos erros, veja:

                                   Há, luta contra o racismo!
                                   Há, luta contra a “homofobia”!

            Se você ver um cachorro, e este cachorro for um Pinscher qual será a diferença em  trata-lo como ele é?
            Se ele for um Dog alemão e trata-lo como dog alemão, isso faz de você um distintor de raças e essa distinção faz de você um racista?

            Eu vejo que não, apenas você sabe que cada um o é, e sendo não há mal em distinguir, o que você não pode é desprezar que tanto um pequeno Pinscher como um gigante Dog alemão podem serem mansos ou muito bravos e não aceitem uma tentativa de carinho, por exemplo. Veja, se levarmos isso para humanidade, distinguir uma raça de outra não faz de você um anti raças, apenas reconhece que um é, e o outro também o é. Bem, parece até que estou regredindo ao racismo, mas preste bem atenção no que está acontecendo em nossa sociedade:
            Numa tentativa de acabar com as diferenças entre as várias raças estão buscando, pelas leis, uma distinção racista onde um grupo deve fornecer um tipo de gratificação pelo sofrimento passado de uma raça sobre outra!
            Entende que para não julgar, ou em outras palavras, para não termos uma distinção entre raças estabelecemos a proibição do reconhecimento próprio e impomos um critério quase que obrigatório e coletivo de uma generalidade de benefícios que devem serem cedidos para compensar uma diferença!
            E isso não é combater o tal racismo, é na verdade fornecer uma diferença, até mesmo criteriosa de que um é inferior, pois carece de benefícios, e o outro é superior, pois pode ceder em beneficiar!
            Desta forma um Rosado dizer que não é racista já faz dele um Dog Alemão que não bate em um Pinscher, e isso só se o pinscher não provoca-lo e for um bom cachorrinho.
            Sendo assim ao forçar o não julgar próprio colocamos o estado para fazer isso e pedimos a este para enaltecer a diferença de uma parte e por outro lado se busca lutar pelo silêncio forçado em prol de alguns benefícios maiores e acabam assim estabelecendo um tipo de poder no qual não se quer abrir mão e em ambos os casos, um ganha em se fazer superior o outro ganha em querer impor ao superior o reconhecimento de sua inferioridade e ainda exigindo compensações que só alguém em estado “superior” pode servir!
            É como quem dá uma gorjeta ao garçom por ter tido a sua superioridade bem servida pelo seu servil que por estar em inferioridade (econômica) fez por merecer.

            Pra ficar bem claro e mais evidente, o tal combate a “homo fobia” também estabelece isso, se um se distingui como sendo “homo” já o define e o coloca em um grupo de pessoas distintas tanto quanto que o outro buscar dizer ser “hétero” como distinção sobre outro já está se separando, e ainda se diz:

                                   - Não tenho nada contra!

            Sim, claro que não dá pra ter algo contra, afinal já se colocou o outro ser a parte de seu grupo, independente de ser X ou Y.

            Mais uma vez o não julgar faz com que as pessoas se separem e se coloquem cada vez mais a parte de estabelecer um verdadeiro RELACIONAMENTO entre as pessoas, acabamos assim com critérios próprios que só vão até onde o estado permite e assim não somos julgados enquanto não houver um embate!

            Esta forma de ser tem levado o relacionamento humano a ser algo tratado como uma Negociação Social onde o outro ser só se preza ao servir dentro dos termos, limitados por leis, no qual você também se encontra sobre os mesmos valores.
            Como se um Pinscher só pode ter um bom contato social com outros Pinschers e assim, (bem enfatizado por sinal) nos colocamos a parte de fazer parte da mesma RAÇA!

            Talvez essa divisão possa acarretar em uma diferenciação tão distinta que não é mais estabelecida por fronteiras ou diferenças lingüísticas, nos tornamos uma célula orgânica que precisa lutar por si própria, tendo contato com o resto do organismo somente na parte que lhe toca, aliás, na parte que não o toca em seu EGO.
            Nos relacionamos com o outro, até mesmo fisicamente, mas e tão somente para cumprir uma pulsão biológica que depois de cumprida até se esquece o nome da célula colaboradora!

            Por isso e por outras coisas, estamos cada vez mais torturando a capacidade de julgar só para não ter o EGO julgado pelos outros, num fingimento de uma falsa virtude de tolerância nos tornamos tão distintos que nos separamos em grupos de afinidades, que muitos são até questionáveis, mas cada um é cada um né?

            Eu me pergunto:

                        Que medo é esse tão aterrorizante de sermos capazes de julgar e através deste julgamento estabelecer um contato, não com este ou aquele que aprova esta ou aquela idéia, vontade ou até mesmo esta ou aquela diferença, sem dar a menor importância aos valores que possam existir nas distinções e sim sobre um contato fraterno.

            Vejo em vídeos animais de espécies diferentes, vivendo muito bem até, sem nenhuma distinção de superioridade, mas distinguir não é nenhum problema pra eles, o que importa é o quão realmente gentil um possa ser com o outro, um Dog alemão pode ser um ótimo amigo de um Pinscher, mesmo um sabendo do pequeno tamanho ou da grandeza do outro, isso não tem a menor relevância entre eles, pra eles embora sejam livres, trata-se tão somente do sentido fraternal, ou seja: aquilo que os torna como irmãos.

            Ser irmão é ter o mesmo pai e mãe, mas como a idéia que cada um possa pensar como bem entender e quiser, dentro dos limites das leis, a humanidade perdeu esse contato de irmandade e criou um estado-pai e uma igualdade-mãe que não estão mais casados!

            O não julgar tornou o ser sem poder algum a ter uma distinção própria de si mesmo e com isso a única manifestação própria e libertária (presumidamente) vem da criação do EGO, que é obrigado a permitir toda e qualquer incoerência, já que o julgar é separado do ser, só pra manifestar que também não quer ser julgado!

            Repare que isso vem trazendo a humanidade a uma constante aproximação de diversas incoerências que só é barrada por força de alguma lei.
            Há uns meses atrás caímos numa discussão sobre algumas pessoas terem se masturbado em transporte público... O que mais me chamou a atenção não foi nem o ato e muito menos as vítimas e sim um desespero das pessoas encontrarem de alguma forma uma lei já registrada que impedisse isso, como se o ipsis litteris (pelas mesmas letras) de tudo que acontece ou ainda vai acontecer com todos os seres humanos tivessem um registro e um estabelecimento que cada um deve cumprir somente por estar lá, escrito!

            Até parece que o ser humano perdeu a capacidade de ter pensamentos e julgamentos próprios!

            Estamos assim tendo cada vez mais o prazer em não conhecer ninguém, de não ter contato algum, de se relacionar somente por questões financeiras ou de uma necessidade superficial sem nenhum julgamento ou critério sobre quem é que lhe aperta sua mão!


            Talvez seja a hora de parar com essa insuportável mediocridade que tem nos levado a este estado de torpeza mental tão absurda que não conseguimos mais encontrar um verdadeiro pai que só pode ser verdadeiro se for algo Divino (eterno) e uma boa mãe que só pode ser nossa mãe, pois descendemos de seu ventre (ciência) para então encontrarmos novamente com o prazer em conhecer o outro por ver nele a mesma Fraternidade que precisamos ver como todos os seres neste mundo nos vêem sem nenhum ataque contra o que deveria ser a ordem natural de nossa mente que é julgar (conhecer) sem que seja somente pelas próprias causas.

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