Quando
vou ao mercado ando pelos corredores e fico procurando, principalmente comida,
mas quase não vejo mais isso!
Parece
contradição, e é mesmo, pois só vejo embalagens, embalagens e mais embalagens;
o que é até engraçado, é que até no pacote de arroz tem foto de arroz, e
algumas embalagens são tão desenhadas que quase não se vê nem o arroz, o pior
são os bichinhos com carinhas sorridentes todos alegres e felizes, mas são na
realidade: Comidas!
Tem
foto de franguinho sorrindo, e já vi frango com chapéu de cozinheiro segurando
um pedaço de frango empanado! Seria um frango canibal?
Sem
falar nos salgados!
Tem
sacos de salgadinhos que são todos coloridos com muitos bichinhos alegres
tentando te convencer que dentro daquela embalagem tem algo muito bom que vai
te fazer feliz, e o que mais tem é ar e um tipo de isopor com sal e algum aroma
pra disfarçar que é só sal mesmo!
Sinceramente
eu perco totalmente a fome dentro de um supermercado, às vezes me vejo
comprando algo mais porque tenho que comer, mas se depender das embalagens eu
nem abriria o pacote!
Vai
ver que é por isso que eles colocam moças bem bonitas, cheias de sensualidade e
te oferecem uma amostra grátis de algum tipo de alimento, pois se depender da
embalagem você nem pensa em comprar aquilo.
Sabe
o que é interessante disso tudo?
Estamos
nos tornando muito parecidos com estes produtos, melhor dizendo: Embalagens!
Veja
só:
As
pessoas buscam falar para o outro somente aquilo que o outro indica, através de
sua embalagem, o que o outro quer ouvir. É quase como se você tivesse que ser
como aparenta ser, e daí a sua existência assume as características
personificadas nisso. Então as pessoas que mal sabem quem realmente são, aliás,
essa é a grande beleza da vida e poucos entendem, que toda a nossa grande
descoberta pode ser feita ao observar a nós mesmos... Mas os grandes sábios do
passado perderam para essas novas embalagens que as pessoas agora buscam ter,
são tantas as opções, rótulos, carimbos e até mesmo simbologias desenhadas em
suas peles, metais espetados no corpo... Bom, algumas pessoas podem achar que
sou algum velho católico de direita controlador por falar isso, e olha só! Já
está querendo-me por em alguma embalagem e ai é fácil passar por cima, ou
melhor, passar de lado e ir em busca de outro produto, é só ignorar tudo que eu
vou dizer já que a embalagem que você está me dando é contra o produto que você
é!
Olha o auto engano!
Eu
não estou ofendendo ninguém, e aproveitando a deixa quero dizer que: a ofensa é um fracasso pessoal, como
costuma dizer: Leandro Karnal; estou apenas observando e interligando o fato
das pessoas se vestirem e até se despirem e ainda continuarem com um tipo de
rótulo de proteção ao ego... Bem se você acredita que não é tão ruim viver num
mundo onde nem comida parece ser comida, que tal um mundo humano onde seres
humanos estão regredindo a capacidade de ser um ser humano?
Isso tem um nome:
Normose.
Normose
é um termo usado para dizer que quando as pessoas estão muito próximas de idéias
e se aceitam mutuamente sendo que cada um segue padrões diversos de formas de
ser você pode estar apenas seguindo a risca uma cartilha de bom convívio quando
na verdade sofre por uma busca em se adequar a essa normalidade superficial.
Analise:
O
psicólogo Pierre Weil foi uma das pessoas que passou por essa experiência de
normose. Pierre era o que podíamos chamar de “bem sucedido” ele tinha tudo que
achamos ser a receita de uma vida de sucesso: Casa no Campo, casa com piscina,
carros, Cargo na Universidade, cargo junto ao presidente do maior banco da
América latina, seu consultório, seu livro Best-Seller, entrevistas em rede de
TV, tinha, tinha, tinha. E toda sua vida se resumia em TER.
Cansado
de ter, ele viajou pelo mundo pra descobrir o porquê que dentro de si ainda
havia uma infelicidade profunda. Em um centro de meditação ele observou algo
interessante, depois da seção às pessoas relatavam que tiveram visões, ouviram,
sentiram algo e ele nada!
O
mais interessante é que ele percebeu que: A maioria das pessoas fora do centro
de Meditação também não tem visões, nem ouvem ou se inspiram por algo mágico,
mas ali, em meio aquelas pessoas a mágica ocorria... Ele passou um ano de sua vida fazendo isso e
nada! Em meio aquelas pessoas ele era anormal, e as pessoas normais, no entanto
e fora daquele pequeno Universo, todas as outras pessoas não tinham visões e
quem tinha era considerado anormal. Neste contraste ele percebeu como que as
pessoas se induzem a crer por Normose.
Existe
uma fantasia de que uma crença compartilhada se torna relativa na visão daquele
grupo, pois se “acham” dotados de dons especiais. Acontece que isso leva as
pessoas a viverem de certa forma e da mesma forma como os produtos nos
corredores de um super mercado!
Sim,
isso mesmo, as pessoas entram em um determinado corredor pra pegar tal produto,
assim como as pessoas se vestem (rotulam) para ir à academia de ginástica, por
exemplo, é claro que não há erro nisso, mas isso as induz a um tipo de normose por status quo que quer dizer: estado
atual, e o interessante é que as pessoas estão cientes disso e até dizem: -
Agora é hora da minha academia! E então só falam dos assuntos relacionados a
seu tempus academic e ao sair de lá
já vão direto pro seu outro estado, outro corredor e outros produtos
co-relacionados, como ir ao trabalho, e ai já é outra vestimenta, outros
rótulos, mas como que pra mostrar que esteve em um outro corredor carregam em
si o rótulo do momento anterior e assim se está vivendo a vida de um corredor
para o outro, de uma embalagem a outra, estamos apenas protegendo na escuridão
nosso produto interno enquanto nosso ser exterior é sempre de bem com a vida,
alegre e feliz como os bichinhos das embalagens.
Sintomas:
Assim
como Pierre Weil passou por momentos de infelicidades em meio a sua
prosperidade normótica, as pessoas hoje em dia são cheias de infelicidades,
tanto que se esforçam a cada dia pra alcançar a prosperidade como desculpa de
não ser feliz por não ter, como não ter bons móveis ou uma boa casa, mas o que
é uma casa?
Entenda
que uma casa mobiliada cheia de coisas e tudo mais é o mesmo que um supermercado
cheio de produtos, e assim como eu não sinto nenhuma vontade de comer dentro de
um mercado, mesmo estando com fome você também não vai se sentir feliz sendo você
o dono de muitos produtos, tanto dentro quanto fora de sua casa, pois uma casa,
coisas e tudo mais são no máximo apenas formas, apenas maneiras dispostas aptas
ao seu dispor, explico: Uma cadeira está disposta a ser um objeto para que você
se sente, mas sem tempo para sentar qual a razão da cadeira em sua casa?
Da
mesma forma, sem muito tempo para preparar alimentos, sem disposição para fazer,
qual a razão de comprar uma massa de bolo pronto?
Entende
que estamos cheios de infelicidades por termos coisas demais a nossa disposição
e sem tempo de colocar um pouco de nossas vidas nessas coisas?
Poderia
fazer mais relatos sobre isso, mas vamos findar os sintomas e descobrir agora
as:
Causas:
O
fato de termos embalagens lindas, não significa que temos um bom produto ali
dentro, muitas vezes este nosso vazio é muito semelhante aos salgadinhos que
são cheios de... Se mastigar bem, quase nada!
Estamos nutrindo a vida exterior,
mas não estamos trazendo nada ao nosso ser interior, como já disse em outro artigo,
é uma enorme ilusão achar que podemos fazer o que bem queremos, com nossas
vidas, nossos corpos e tal e não percebemos que essa busca tem nos levado a
essa normose doentia onde ser normal é fazer o que todo mundo faz, mas sem um aprofundamento de pensamentos nos
tornamos apenas seres propagandas de embalagens sem a menor atenção ao produto
que vendemos. Tudo que fazemos tem relação com o mundo exterior, só que nada
existe pra si. (segue imagem)
Assim,
nos embalamos com uma imagem e não colocamos nessa imagem o nosso próprio ser
próprio, acaba sendo próprio apenas o que de comum temos e então o seu ser fica
como um produto vazio, algo sem importância... Você pode não gostar disso,
também não gosto, mas qual importância que temos agora para pessoas que diziam
ter nos amados e depois nos abandonam por um pequeno motivo qualquer?
É
como alguém que compra algo pela embalagem e depois que abrem e comem, parece
que não gostam muito do sabor e não nos consome mais, em outras palavras, não
nos quer mais em suas vidas!
Olha como é duro encarar isso!
Como chega a dar uma sensação de
mal estar em pensar que somos gostosos por fora e amargos por dentro! Até
chocolate meio amargo tem vez na dieta de alguém, mas quem é abandonado não é
só por ser um pouco amargo, é como se fosse estragado mesmo!
Saindo da embalagem!
Já
olhou nos olhos de uma pessoa, até feia mesmo, mas viu uma beleza inexplicável
saindo daquele olhar?
Pois
é!
É
por isso que tem gente que gosta que fale olhando nos olhos, isso é na
realidade a busca por empatia, por uma ligação profunda, mas envoltos de
embalagens os olhos se tornaram também o único conteúdo daquele produto, mas
assim como os rótulos certas descrições não são tão verdadeiras assim ao
produto e acabamos provando e até levando algo pela sedução, assim como a moça
que oferece uma amostra e os rótulos seguem com letras bem miudinhas pra
dificultar visão de uma realidade. Assim acabamos lutando pelos interesses de
vender algo e compramos coisas, idéias imagens e semelhanças que no fundo não
nutrem nenhum pouco nossas almas e todos acabam saindo como eu saio do mercado:
Vendo tantas e tantas embalagens e sei que aquilo vai me nutrir tão pouco, o
engraçado disso é que as coisas realmente saborosas estão dispostas lá no
fundo, puras, ao natural e sem nenhuma embalagem, você até tem que pegar um
saquinho, decidir por uma ou outra mais suculenta e comprar. E é justamente o
que está em seu estado mais natural que é o mais saudável que podemos ter,
talvez precisamos disso:
Voltar para o estado mais natural do homos e deixarmos o sapiens numa
embalagem mais transparente, sem medo de mostrar o que somos realmente.
Extra! Extra! Extra!
Este vídeo de um Xará!
Este vídeo de um Xará!
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